quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Nota Linguística.

Estou escrevendo aqui por causa de um post completamente absurdo que li no tumblr. Não sei se foi irônico ou não, mas não interessa, porque sei que muita gente concordaria com quem quer que tenha inventado isso:


"Nós só não falamos a língua mais difícil do mundo como nós também somos a única língua capaz de dominar  todas as outras línguas sem dificuldade em palavras e sotaques."


Se essa não foi a coisa mais absurda que eu já li no tumblr, com certeza está entre as 5 primeiras. Em primeiro lugar, um único indivíduo não pode conhecer todas as línguas para poder determinar qual delas é a mais difícil, mas existem linguistas que estudam o que elas têm em comum e o que as diferenciam. Em segundo lugar, tudo depende de qual é a sua língua materna. O falante nativo do inglês provavelmente enfrentaria dificuldades ao aprender o português, uma vez que o inglês possui palavras mais simplificadas - exemplo disso é a conjugação dos verbos, que quase não muda no inglês. O português, por outro lado, apresenta uma conjugação verbal bastante complexa, e no Brasil vem sofrendo grandes alterações há várias décadas, como a perda do significado original da palavra "você" e sua incorporação para a segunda pessoa. Isso até nos aproxima do inglês, tendo em vista que dessa forma a segunda e a terceira pessoa do singular não sofrem alterações em sua conjugação (você vai - ele vai). Agora, para falantes nativos do espanhol, do italiano ou do francês, o português fica muito mais fácil de aprender, tendo em vista que todas essas línguas têm sua origem no latim e apresentam pontos semelhantes. Se um brasileiro decide aprender alemão, polonês e línguas do leste e norte europeu, por outro lado, parece uma tarefa impossível, porque essas línguas apresentam uma série de fatores linguísticos que não são aplicados no português. Temos ainda o chinês, o japonês, o russo, o árabe e outras línguas asiáticas, que possuem alfabetos completamente diferenciados. Isso tudo sem contar com os inúmeros dialetos africanos, ainda pouco explorados pelo resto do mundo. E qualquer falante, repito, qualquer falante, de qualquer língua é capaz de aprender outras línguas sem apresentar  quase nenhum sotaque, desde que a pessoa more por uns bons anos no país da língua estrangeira. Por outro lado, se você não convive com a língua o tempo todo, a tendência é apresentar sotaque.  E às vezes nem a convivência resolve. A língua nativa sempre vai estar presente de uma forma ou de outra. Um novo idioma só é completamente dominado quando se convive com ele 100% do tempo. E ninguém aprende uma nova língua sem apresentar dificuldades. Fim da história. 

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