terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sir Paul McCartney - Live at Yankee Stadium



Há exatamente um mês, em 16 de julho de 2011, eu me preparava para assistir o show de uma das maiores lendas da história da música: Paul McCartney. Tive muita sorte de chegar nos EUA junto com sua nova turnê; os ingressos são mais baratos e a qualidade do show é melhor em quesitos de tecnologia, estrutura e civilização. Ainda que nossos assentos fossem razoavelmente distantes do palco, a imagem dos telões e principalmente a qualidade do som superaram as expectativas.

Mas a verdade é que o som seria de qualidade mesmo com os piores equipamentos possíveis. É impressionante como esse homem, em seus 69 anos de idade, ainda tem a mesma energia que tinha aos 20. Sua vontade de fazer música e entreter pessoas de todas as idades continua completamente presente, e, pessoalmente, acho que nunca vai morrer. Essa é uma das coisas que eu mais admiro em Sir McCartney. Ele tinha fama e dinheiro, e podia ter abandonado sua carreira musical quando os Beatles estavam em seu auge nos anos 60, mas não foi o que ele fez, nem mesmo nos piores momentos da sua vida, porque é perceptível o quão intensa é sua paixão por música. Na verdade, o que ele fez foi justamente o contrário. No final dos anos 60, a consciência de que o fim dos Beatles se aproximava e uma série de outros fatores pessoais o abalavam emocionalmente, e a vida lhe vinha perdendo valor. Um momento obscuro como esse certamente lhe tiraria a vontade de tudo, mas não de fazer música. Isso foi o que remanesceu. Sua frustração lhe trouxe inspiração, e o levou a compor, na minha opinião, uma de suas maiores composições, "Let It Be", que além de ajudá-lo a encontrar forças, motivou milhares de pessoas, e ainda o faz até hoje. A música vive dentro dele.  O fim dos Beatles foi um momento extremamente difícil e complicado em sua vida, porque rompia com o fim de uma parceria épica (com John Lennon) e um grupo extremamente talentoso, que poderia oferecer muito mais ao público do que já tinham recebido. Isso o devastou, mas não o fez parar de escrever melodias maravilhosas. E aqui está ele, hoje, aos 69 anos, talvez com algumas rugas a mais, mostrando que continua com o mesmo talento e amor por música, sendo capaz de agitar um estádio inteiro com mais de 50 mil pessoas em um show de quase 3 horas. É impossível descrever a sensação de ouvir "Hey Jude" em primeira mão, com tantas pessoas cantando em coro. Foi um dos momentos mais bonitos da minha vida, e não me surpreenderia de saber que algumas lágrimas escaparam da platéia durante a música, simplismente pela emoção que é transmitida e contagia a todos que o assistem. Seu humor, carisma e presença de palco fazem com que suas apresentações sejam únicas e, não há dúvidas que estão entre as melhores da atualidade. Só posso afirmar que me orgulho muito de poder dizer que tive a honra de assistir a uma de suas performances, e que sua música será eterna.

Deixo aqui três vídeos do show para quem quiser assistir.

O primeiro é a chegada de Billy Joel, que contribuiu para uma estupenda apresentação de "I Saw Her Standing There", dos Beatles:



O segundo é "Live And Let Die", que foi mestre nos efeitos de palco (em outras palavras, fodástico):

(OBS - Esse é do dia 15 mas os efeitos foram os mesmos!)

O terceiro é "Hey Jude", simplismente porque foi lindo demais para colocar em palavras.



"Nothing pleases me more than to go into a room and come out with a piece of music."
- Paul McCartney

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Nota Linguística.

Estou escrevendo aqui por causa de um post completamente absurdo que li no tumblr. Não sei se foi irônico ou não, mas não interessa, porque sei que muita gente concordaria com quem quer que tenha inventado isso:


"Nós só não falamos a língua mais difícil do mundo como nós também somos a única língua capaz de dominar  todas as outras línguas sem dificuldade em palavras e sotaques."


Se essa não foi a coisa mais absurda que eu já li no tumblr, com certeza está entre as 5 primeiras. Em primeiro lugar, um único indivíduo não pode conhecer todas as línguas para poder determinar qual delas é a mais difícil, mas existem linguistas que estudam o que elas têm em comum e o que as diferenciam. Em segundo lugar, tudo depende de qual é a sua língua materna. O falante nativo do inglês provavelmente enfrentaria dificuldades ao aprender o português, uma vez que o inglês possui palavras mais simplificadas - exemplo disso é a conjugação dos verbos, que quase não muda no inglês. O português, por outro lado, apresenta uma conjugação verbal bastante complexa, e no Brasil vem sofrendo grandes alterações há várias décadas, como a perda do significado original da palavra "você" e sua incorporação para a segunda pessoa. Isso até nos aproxima do inglês, tendo em vista que dessa forma a segunda e a terceira pessoa do singular não sofrem alterações em sua conjugação (você vai - ele vai). Agora, para falantes nativos do espanhol, do italiano ou do francês, o português fica muito mais fácil de aprender, tendo em vista que todas essas línguas têm sua origem no latim e apresentam pontos semelhantes. Se um brasileiro decide aprender alemão, polonês e línguas do leste e norte europeu, por outro lado, parece uma tarefa impossível, porque essas línguas apresentam uma série de fatores linguísticos que não são aplicados no português. Temos ainda o chinês, o japonês, o russo, o árabe e outras línguas asiáticas, que possuem alfabetos completamente diferenciados. Isso tudo sem contar com os inúmeros dialetos africanos, ainda pouco explorados pelo resto do mundo. E qualquer falante, repito, qualquer falante, de qualquer língua é capaz de aprender outras línguas sem apresentar  quase nenhum sotaque, desde que a pessoa more por uns bons anos no país da língua estrangeira. Por outro lado, se você não convive com a língua o tempo todo, a tendência é apresentar sotaque.  E às vezes nem a convivência resolve. A língua nativa sempre vai estar presente de uma forma ou de outra. Um novo idioma só é completamente dominado quando se convive com ele 100% do tempo. E ninguém aprende uma nova língua sem apresentar dificuldades. Fim da história.